sábado, 23 de agosto de 2014

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Eu a pensar que te andava só a preparar cafés...

... quando, num dia, dou por mim a chorar baba e ranho em cima da minha tabela de farmacologia, sem saber o que fazer depois de, mais uma vez, ter deixado que a minha veia de impulsiva levasse a melhor. E, então, fiz uma coisa nunca antes feita - pelo menos por mim. Corri atrás de ti. Sim, é verdade - a rapariga que há 1000 post's atrás se dizia incapaz de se apegar, a especialista em dar cabo de tudo, sempre com um cesto cheio de dúvidas na mão, que preferia sete semanas no deserto sozinha a qualquer tipo de relação humana... trocou o perigo dos pés no chão pelo conforto do abismo. E custou-me muito, largar a rotina e o meu escudo invisível. Ter de pôr de lado o orgulho, não fingir que estava sempre tudo bem e, sobretudo, deixar de (me enganar e) dizer que tenho uma pedra no coração. Pois é. Com a ajuda de muita gente - tanto que eu cresço com os outros - e com muitos dias a dar pulinhos por uma mensagem, seguidos do fim do mundo na minha janela por não receber a resposta. Com o gosto agridoce de não saber o que vai na outra cabeça. Gostar de ti é ser bipolar, é não ter a certeza num minuto e no outro saber exactamente aquilo que quero. E depois de um ano a fazer muita porcaria, de levar com mais porcaria e de ainda não saber muito bem como lidar com porcaria, só esperava mais um telefonema a dizer que não ia dar mais. Porque talvez fosse o que eu merecia, ou talvez não desse para rasgar mais aquela tua camisola que me deste no início. Já passou um ano, se isso não deu em nada não é agora que vai dar ouvia eu da boca do mundo. E acreditava, torcia o cérebro num jogo masoquista como só eu sei fazer. Num dia queria tudo, no outro mandava-te passear. Até começar a perceber que, talvez, nada fosse como eu pintava. Se calhar, quem me escreve isto tudo, até se deve importar pensava eu. E depois lá vinha o surto, a paranóia, o sofrimento que, inevitavelmente, todos adoramos sentir uma vez na vida. Ah, a bipolaridade do amor... E os dias iam passando, em conjunto com o recorde de meses em que estivemos juntos. E eu fiquei. Talvez fosse mesmo para dar em alguma coisa e ninguém tivesse razão. Fui correndo, esfolando os joelhos, gastando mais um bocadinho a tua camisola que tanto adoro. Fartei-me. Perdi a paciência. Discuti com as minhas amigas. Chumbei a dois exames. Não comi. Mas tomei uma decisão e fui. Tive medo mas fui com medo mesmo. Fiz coisas que nunca fiz por ninguém, na esperança de conquistar aquele bocadinho de coração que ainda tinhas para mim. Não me conhecia. Desesperava por tudo, por nada, por ti. Todos os dias ficava mais louca. Mas eu faço tanta coisa, como é que ele ainda não fez nada? era a pergunta nossa de cada dia. Até que, depois de muito pensar, decidi fazer o que só os mais fortes decidem - fazer em vez de falar. E nesse exacto momento, quando estava pronta para tudo... tu fizeste-o. Naquela escada fria, depois de discutirmos (ah, a bipolaridade...), disseste-me tudo, em palavras que nunca esperei ouvir de ti. Fui a pessoa mais feliz do mundo nesse dia, já há muito tempo que não tinha um dia daqueles. Ou destes, em que fico a olhar para ti e a dar-te beijinhos, sem saber bem explicar o que se está a passar. Só sei que nada sei. Mas gosto de ti, e muito. Consegui o que queria, mas acho que o maior mérito foi teu porque, como eu te digo, eu não gosto de ninguém e fui gostar de ti. Estou muito contente, ainda que com algumas incertezas e medos. É normal. Relaxa, dizem eles, vai correr tudo bem. E que acabe o mundo agora, acaba muito bem. Porque agora é, sem dúvida, melhor que sempre.