quinta-feira, 12 de novembro de 2009

shots de fruta

lembro-me de todos os dias mais carregados desta vida: os que decidi sublinhar com caneta fluorescente.

A cor-de-rosa, passei por cima dos vinte e seis dias desde novembro do ano passado e sobre os dias repletos de risos que fazem latejar a barriga, quase como fazendo uma aula de educação física. Ainda pintei os dias em que brincava despreocupadamente com a minha melhor amiga, se é que posso ser ousada ao ponto de o fazer. Risquei, no bom sentido e com orgulho, os dias em que sabíamos brincar sem tanta complicação. Também lá estavam, pintados a cor de rosa mais escuro, os dias em que eu precisei de outras canetas para reescrever e começar-me de novo, como quando os tempos difíceis me davam as mãos sem vergonha na cara. Lembro-me de pintar a tinta permanente, e tão bem delineado, o sorriso que eu deixo voar quando é tão descontrolado e sincero.

A cor-de-rosa, é amor: é saudade também.

A verde, recordo-me de trespassar com lápis de cor todos os dias em que desesperei por fazer as pazes. Por um abraço, de tão pequeno que fosse, eu esperava com a caneta na mão direita. Confesso, que esperei tempo demais, quando, com a borracha preparada, não ouvi o tão aconchegante pedido de desculpas por que ansiava. Mas, sobretudo, eu preenchi letras a mais com este verde, e por não ser capaz de o apagar, limitei-me a deixar o tempo correr, acompanhado da fé que restava ao verde, cada vez mais mortal.

Foi o meu verde, de esperança: de amor despedaçado que senta e espera.

E restou-me o meu amarelo, com que sublinhei todas as sobras de tempo, que ocupo a distrair-me do verde que não foi tão bem usado; que não combinava. E foi a rir-me do cor-de-rosa que por vezes, de tão escasso que é, se torna preto, que pintei dentro das linhas todas as vezes em que uma piada qualquer me faz ganhar o dia. É aí que o meu amarelo entra a matar. Pinta tudo o que de cor nada tem, e isso.. isso, faz a tão valer a pena, viver sem borracha e corrector.


Porque se o amarelo não fosse tão espontâneo, nenhum cor-de-rosa ou verde valeria a pena.

E quando o preto da saudade não dá para sublinhar tão veemente como queríamos?

1 comentário:

Joana disse...

oh meu deus, isto é mesmo textos à susana.
AMO-TE quer estejas num dia cor-de-rosa, verde, amarelo ou preto !
Estou lá para o teu arco-ÍRIS todo :)