não dá para viver pela metade, não sou eu. e esta é a última das últimas vezes que te escrevo, ou que escrevo para ti. sei que podes não ler, é óbvio que estou ciente disso, desde ontem. mas também me tornei ciente de muitas mais coisas que aconteceram ultimamente. sabes, é como se o pano tivesse caído, e é tal e qual o azeite a vir ao cimo da água: como a mentira ter perna curta, porque mais depressa apanhei o mentiroso do que a pessoa mais coxa do mundo. e ainda acredito que não vou encontrar ninguém coxo, nem mesmo sem uma perna, porque agora, eu comprei uns óculos! é uma lástima, ver que depois de tanto tempo, ainda não és maturo o suficiente para saber lidar com os teus erros, porque tu sabes que não cresceste com isto, como eu tenho crescido. não em tamanho, nem mesmo em questões de parvoíces, ou criançices. é como diz a minha mãe, "esta geração não sabe levar um 'não' " - mas parece que eu nasci há mais tempo, porque, de facto, eu tive de me contentar sempre com o 'talvez', que, por via das dúvidas, se tornou sempre em 'NÃO!'. talvez seja por isso que agora me contentava com um 'não' teu, e acho que não me revoltava nada se ouvisse um 'preciso de estar sozinho, deixa-me'. porque, para respeitar os outros, eu tive de aprender a respeitar-Me. e tu... tu não sabes como respeitar a tua dignidade, quanto mais respeitar a minha! não é como se fosse só eu quem importa, e sabes bem que isso é o mais falso dilema da tua cabeça nos últimos tempos.
se soubesses aproveitar tudo acerca do amor incondicional de que te falei, também teria sido conveniente dar ouvidos ao que eu disse sobre: 'eu amo-te, e para o nosso bem, agora devo afastar-me até tudo estabilizar. mas eu amo-te, não deixo de te amar, e percebe que se me afasto é por te amar pura e incondicionalmente'. levaste-me ao extremo, como eu nunca tinha experimentado. e então senti na pele, o que é a lágrima de deitar tudo a perder, e do que é querer não te amar.
podes culpar-me? 'não'. podes culpar-te? 'não'. mas a diferença é um relevo bastante inclinado em cima de ti: tu sabias, até bem de mais, que eu era, e, que sou da maneira que sou. assim, tão susana. as I ever knew myself.
escorreu tudo pelas nossas mãos, e para mim foi como viver a mentira perfeita, a mais bonita de sempre: mas ainda assim, foi esse o meu falso dilema. e eu provei o sabor da mais tenra revolta, quando a indignidade tomou conta de ti. é esse o teu problema, e por vezes o meu: lack of self-control. e se me estou a fazer entender, foi isso que eu quis quando te pedi para recuares meio passo, ou para me deixares sozinha comigo: e tu já não sabes como me deixar, porque agora não se trata de uma relação. isto, a que eu costumava chamar de 'sempre', tornou-se numa coisa a que eu chamo, habitualmente, de 'obcessão'. tua. se isto só nos deixa de rastos, e só faz tudo recuar mais que meio passo (pelo qual costumava implorar), e se todo o santo fim-de-semana não conseguimos estar bem um minuto que seja, what's the point?diz-me, a sério, porque eu não vejo um palmo à frente. tem piada até, quando eu queria dizer que com isto ficámos mais unidos: mas se não nos fez mais fortes, de certeza, foi porque nos matou, e foi violento.
de outra pessoa, eu conseguia esperar tudo o que veio de ti: as coisas más. de todos os demais, sem ser de ti, porque eras tu em quem eu confiava mais que ninguém. agora muda de cena, agora, posso desdenhar o mais falacioso dos mentirosos, e não encontro nenhum à tua altura: capaz de agir como tu decidiste.
e hoje é tudo, estou sem palavras para ti. é hoje, e sempre. quanto não fica por dizer, mal de mim.
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