sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
falar com os botões
quando se está por conta própria, tenta-se ao máximo preencher os vazios que se vão formando a cada dia que passa. encher a agenda, inventar trabalhos, chamar os amigos (primeiro uns, e quando esses saem, tentar que outros entrem em cena), dormir a sesta e andar no autocarro de uma forma desnecessária (para trás e para a frente, vezes sem conta) é só uma pequena amostra do que se tenta fazer para não se ficar sozinha, ou num jantar a dois com os nossos pensamentos. mas quando se toma esta vida, é sempre inevitável o momento em que, eventualmente, não temos mais por onde buscar, qualquer coisa para inventar, alguém para nos acompanhar - é preciso estar só. não se pode estar sempre distraído, não se pode ter sempre um ombro acolhedor (ainda que isso só aconteça à noite, ou numa pequena parte do dia). o que vale é que se sabe que a dor é temporária, apenas o orgulho permanece - no fim de contas, qualquer quilómetro do caminho é difícil de substituir por um atalho, independentemente do material de que é feito o chão.
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5 comentários:
Gostei bastante :)
Tens toda a razão, quando assim é, estamos sempre a arranjar motivos para 'viver' bem, sempre a tentar encontrar algo que nos ocupe a mente para não pensarmos no que mais tememos. E sim, o tempo cura tudo, mas o orgulho fica para sempre.
A solidão é mesmo terrível!
A dor é temporária, tens razão (...) mas o 'temporária' pode demorar imenso tempo a passar.
gostei muito (:
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