Toda a gente que me conhece, sabe que sou péssima com caminhos. O meu GPS interior deve ter vindo estragado, porque nem depois de passar, no mínimo, umas mil e quinhentas vezes no mesmo sítio, eu sou capaz de saber como lá chegar. Pronto, também admito que a minha queda por sestas no carro não é a melhor ajuda para ir com atenção à estrada, mas o que importa é que, quando vou acordada, é praticamente a mesma coisa que ir a dormir - os caminhos só me entram no cérebro depois de muitas, muitas vezes a passar por lá (e muitas vezes não são assim umas dez, mas umas trinta pelo menos). Pois que ontem, depois de andar o dia todo de carro - incluindo pelo trajecto que ia fazer à noite - estava eu pronta para apanhar o autocarro para o cinema (sim, porque eu sou ciente da minha tremenda desorientação e nunca na vida iria, por iniciativa própria, por um caminho que não sei), quando me lembro que o dito cujo não passa aos sábados [estúpida, que em vez de ver os horários certos, confia na primeira coisa que lhe aparece à frente]. Lá vou eu a correr para casa, a implorar ao meu pai que me levasse. Mas parece que um jogo de futebol (ainda por cima com o resultado que teve) era um acontecimento imperdível, e se não fosse de carro sozinha, simplesmente não ia [entrei logo em pânico, mas não podia deixar de reparar no mais inacreditável disto tudo - o meu pai ter-me deixado levar o carro para o desconhecido]. Entrei no carro, cheia de indicações distorcidas na cabeça, confiante de que só podia chegar lá bem -
tinha de chegar lá bem e descobrir o caminho certo. Até à auto estrada, tudo muito bem, pensava eu que já lá estava quase - até encontrar uma rotunda [toda a gente que me conhece, sabe que odeio rotundas] e seguir pela saída errada. E pronto, desgracei-me. Entrei por bairros que não conhecia de lado nenhum, passei linhas do eléctrico que não me diziam nada, não via uma única indicação. Desesperada, parava em todo o lado para perguntar o caminho. Já estava por tudo, e achava mesmo que só ia sair dali quando se acabasse o gasóleo. O que me valeu, foi ligar à J. (calma, o carro tem alta voz, não infringi nenhuma lei... acho eu) e que ela me explicasse o caminho, coisa que nunca pensei que conseguia fazer - que conduzir, para mim, não se conjuga com mais nenhuma tarefa. E finalmente, cheguei onde queria. Arranjei logo lugar (sim, que também só faltava isso a correr me mal, não?) e passei, literalmente, o filme todo a pensar como ia voltar para casa. Mas voltei. E acabou por correr tudo bem. Há uma primeira vez para tudo, e esta foi a primeira vez que me perdi. Primeira de muitas, mas desenvencilhei-me bem (digo eu). E o medo que eu tinha dos caminhos desconhecidos, desapareceu. É que depois disto, vou para todo o lado!
3 comentários:
Também sou péssima com caminhos!
É assim mesmo que se aprende :)
Eu ainda tenho medo do desconhecido! Sou como tu, posso já ter ido imensas vezes àquele sitio mas o caminho não entrou porque não ia eu a conduzir, então vou o caminho todo despreocupada e mesmo quando quero fixar o caminho, não consigo!
Espero perder o medo, como tu!
Beijos, Cassandra
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