e eu ainda não acredito bem que aconteceu. Que aquele domingo do mês de Abril - o pior domingo de sempre - se passou mesmo. Ainda choro muitas vezes. De dia. De noite. Principalmente, quando queria partilhar alguma coisa que sei que a ia fazer sorrir. E a mim, oh se ia. Sinto tanta falta dela. Mas no dia em que o coração me subiu à boca, naquele microfone, enquanto lia os poemas que vêm agora ao mundo no seu livro, eu sabia que ela estava feliz. Porque conseguiu fazer com que aquele público vibrasse com as palavras que outrora não tivera coragem de publicar. E foi um orgulho gigante, poder ser eu a representar isso. E por muito triste que ainda esteja - acho que nunca vou deixar de estar -, por muito que esta minha vida pareça uma dormência desde que ela se foi embora, nós continuamos a ter os nossos segredos, as nossas orações e as magias que sempre partilhámos. A vida é diferente agora, mais estranha. Parece que foi ontem que me abracei ao seu avental velhinho e conseguia cheirar o perfume que tanto adorava. Ainda cheiro, em todo o lado. E sei que, onde quer que ela esteja, está sempre a olhar por mim. Nem que seja só para me salvar dos meus sarilhos e guiar-me para o sítio onde eu tenho de chegar. É que ela podia achar os meus sonhos demasiado raros, talvez ousados, mas nunca deixou de me fazer acreditar que um dia eles se iam materializar. É esta, a nossa magia.
4 comentários:
Continua a ser forte como tens sido até aqui. Tenho a certeza que ela tem muito orgulho em ti.
Feliz Natal querida, dentro do possível :)
Adoro! É sempre tão bom ainda sentirmos o cheiro da alguém que nos foi tão próxima :)
Ai o tanto que tenho para ler por aqui, Susaninha :o
Ela vai sempre olhar por ti e apoiar-te. Não está aípara a veres, mas de certeza que segue todos os teus passos. Muita força.
Essas pessoas marcam-nos para sempre, e mesmo que já não estejam fisicamente connosco, estão no nosso coração.
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