domingo, 19 de julho de 2009

quero ter duas propriedades

Repenso e penso em monólogo, nos diálogos trocados entre dias, e sei que me estraga. Prometo com continência que jamais voltará a ser como tal. Em breve descubro que me enganei, e da próxima vez, vai voltar a irrigar-se assim. É a capacidade de perdoar, é o bem que invade a casa, quando de tudo me esqueço e esvazio. Um alívio preenche o meu sorriso, e tudo chega bem como antes. Penso com o coração, mais que com a cabeça, e nunca me senti mais certa. A verdade nua, sobe a rua, senhora de si, e aí deixo-me levar. Permito que o mal se entorne na mesa, e aceito o ombro do amor para me consolar, e talvez para me levar de volta. Tenho consciência deste dom, o da desculpa ao próximo. Não tanto isso, mais esquecer e oferecer ao vento, para ele levar. Errar é humano, perdoar é divino. Poderei eu dar-me ao infinito luxo de me chamar divina? Dia algum, chiça. Gosto tanto de saber esquecer o que é pequeno, e continuar a ser feliz, escrevendo de novo: em letras bem grandes, para que todos vejam o que importa. Mas assusta-me, saber que me esqueço do que é mais pequeno, e não sei tomar conta do mais simples. O que é pequeno, está sempre ao alcançe, ou não seria dito por ruas com experência. É por isso que desejamos ou que desejo. Porque só o que é grande, e o que está fora da nossa mão, merece ter preces de todas as cores, ou moedas em lagos. Até esperança em estrelas cadentes, quão grandiosas são: ninguém lá chega, é preciso mais alguém. Perdoar é saber chegar ao céu sem o desejar; e saber agarrar. É isso, porque é tão grande quanto o resto. Ainda que se mascare de pequeno gesto, tão quotidiano e rápido. É uma injecção de efeito veloz, porque se entranha de imediato.
E penso, quando me esqueço do mal: 'serei eu estúpida ao ponto de perdoar tanto, e ser demasiado feliz?'. Nada disso, eu sei. Do que eu precisava, era daquelas velhinhas que cheiram a ameixas e fruta fresca, que nunca iam parar de viver para se indagar sobre uma coisa mundana, tal como eu. Caraças, eu só quero que alguém me diga: 'É disso que a gente precisa!'. Era muito mais fácil. Saber descomplicar e ser feliz, é muito mais divino que perdoar. Agora penso: 'Porra, como gostava eu de saber chegar às estrelas!'.

'Maria Elena used to say that only unfulfilled love can be romantic.'

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