eu fui boa contigo. muitas vezes, talvez demasiadas. com isto não quero dizer que nunca fui desmazelada, descoordenada ou distraída (já sabes que está no meu sangue, e nos signos em que não acreditas). não quero dizer que nunca bati com as portas, que nunca dei um grito de mil decibéis aos teus ouvidos ou que fui a santa em pessoa. porque não fui, e tu eras igual a mim, um vendaval dentro de um corpo, um furacão que quase ninguém conseguia domar. fomos diferentes e iguais, parecidos e simétricos, fomos muitas vezes a perfeita sintonia juntos. mas tal como naquelas imagens das revistas, há sempre as diferenças por encontrar, e as nossas apareceram cedo. e o que hoje me atormenta, não é o facto de nos termos escondido debaixo da cama quando descobrimos as divergências entre nós, os tons de cabelo diferentes, ou os objectivos que trilhavam caminhos distintos. é que eu engoli sapos, fechei os olhos à luz incandescente, tapei os ouvidos àqueles mil decibéis que me soavam repetidamente nos ouvidos. fiz tudo o que podia, o que não podia, o que ia poder. tu nunca foste menos tu, por mim, com esse teu maldito orgulho a sair-te pelos olhos. essa é a subtil diferença entre nós. como entre o que é branco e preto, percebes?
2 comentários:
adorei o que li!
E às vezes isso é o que basta para fazer a diferença. Porque por muito que ninguém tenha que mudar por ninguém, temos sempre, mas sempre que aprender a ceder.
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