sexta-feira, 13 de novembro de 2009

it's winding moments

"In the pain, there is healing;
In your name, i've found meaning."

Não posso parar o amanhã de me roubar todo o tempo. Sinto-me a tombar como um copo à beira da mesa, e pior, eu não tenho quem eu quero para me puxar de volta como se faz quando se dança o tango. Como se não bastasse, os meus olhos, agora, possuem um efeito desfocado: só consigo ver-te e só desejava ser-te de novo. Estou presa por um fio, ao último momento em que aqui estávamos a sorrir, por tudo e nada. Por qualquer coisa que se mostrasse feliz por nós. E ali ficávamos, à espera que a câmera daquele filme de cinema se afastasse, como sempre faz, e nos deixasse em casa, a rir para sempre: onde conseguiríamos sorrir para lá do que o público consegue assistir. Mal consigo respirar sem afagar a voz, porque a tua ausência dói mais que uma martelada no dedo. Dói, só. Ainda consigo ver o teu reflexo na minha janela, e do dia em que eu me segurei em ti como uma criança segura a mão dos pais. Posso ter-me esquecido do meu caminho, mas não de onde fica a minha verdadeira casa. Posso já não ter janelas por onde ver o sol, mas ainda sei onde ficaram as minhas quatro paredes. Mas será que sei se a minha casa ainda não cuspiu tudo o que lá deixei? Vem mais e mais vento, e eu fico presa por meia mão. Não há quem o faça parar, e não há nada que me faça deixar de voar. Será assim tão díficil agarrar-te?

Com tanto vento, nem sou mais capaz de ouvir as tuas palavras. Estou tão perdida, que nem noto que estou segura por um só dedo e prestes a cair, quando, ao longe, outros ventos se aproximam. É aqui e agora, ninguém outrora ouviu vento tão forte e feroz como o teu. Dói mais, é excruciável.

Consigo olhar para todos os dias em que o teu cheiro permaneceu na minha almofada sem medo de ficar mais cinco minutos, por já fazer escuro lá fora. É um fita que se desenrola ao longo da minha cabeça, e não parece acabar nunca. O dedo fugiu-me.

Já não tenho força para Te prender, quanto mais para Me prender a Ti.

"Letting go all I've held onto."

1 comentário:

Margarida disse...

já não era sem tempo :)