quinta-feira, 19 de agosto de 2010

cresce

lembras-te quando eramos pequeninas e quando o mundo parecia tão dificil? os adultos insistiam em enganar-nos e tentavam convencer-nos de que não tinhamos problemas. mas nunca fomos na conversa deles e ficámos sempre de perna atrás. como é que o mundo podia ser tão mais difícil do que escolher entre uma barbie ou uma polly? impossível. ninguém se lembra de inventar um planeta em que há coisas mais difíceis do que aprender a andar de patins-em-linha ou do que aprender como se fazem bolos com a avó. nenhuma de nós imaginava que havia mais qualquer coisa do que as discussões pela disputa do gameboy, ou pelo lugar no pódio para escolher a brincadeira do dia. e eu gostava mais disso, apesar de não ser tão crescida como queria. gostava de pensar que os adultos eram um mundo à parte e que nunca me ia tornar num deles, de asquerosos que eram com as suas preocupações e teorias. estúpidos. e de repente, olho-me ao espelho, e olho para ti - para nós - e consigo ver que nos tornámos no que sempre repudiámos. eu mais arisca, e consequentemente com mais situações para me desenvencilhar, e tu mais serena, com uma trança feita para o lado, com calma na vida e sem muitos solavancos, mas com os teus problemas, como toda a gente. sempre fomos muito diferentes, e agora percebo que tinha de aprender contigo, que é preciso dar asas ao momento, e não tirar conclusões precipitadas do mundo - como fazem as crianças. mas confesso que preferia os tenros anos das infantilidades. os anos de ouro, em que a marca de roupa não importava, porque era melhor comprar missangas nos chineses e comer sem pensar nas calorias. costumo pensar que cada pessoa tem problemas que se adequam às características das suas vidas: se uns têm beleza, não precisam dos adereços, então ficam revoltados por não serem ricos. os que têm o amor, não precisam da beleza, então perdem a auto-estima e entristecem-se por não estarem completos. os que têm os bens materias, acabam por perceber que lhes falta mais alguma coisa - muitas vezes o coração. tento aliviar-me e pensar que esta teoria é verdadeira, como que me tentando apaziguar as mágoas. mas acabo sempre por perceber que há sempre alguém que me parece ter tudo. e é quando percebo que eu te tive a ti quando era pequenina e indefesa, para não notar a trovoada da minha vida tão cedo. é por isso que te agradeço, por hoje pensar como penso, por arranjar teorias que até funcionam e por conseguir ultrapassar as circunstâncias piores. às vezes.

2 comentários:

Sarah disse...

Um dos melhores posts que já li! Revi-me em muita coisa, não sei se é por estar num dia mau, mas chorei ao ler...
Beijos J

RuteRita disse...

LINDOO. ADORO !