estou farta de ver as minhas unhas estragadas, das vezes que me tiras do sério. de não ter inspiração, porque me ocupas a cabeça toda - e não é da melhor maneira. não me percebo, não te percebo e não percebo mais o que é perceber. porque me tiraste a capacidade de raciocínar e também o coração. e já falei das unhas? não, isto não é de qualquer maneira um texto de circunstância nem é certo que as unhas me façam falta, quando ao pé de ti qualquer coisa é insignificante no que toca a prioridades. nada é mais prioritário que tu. isto é só uma forma que tenho de te conseguir explicar que me estás a consumir. por fora e por dentro. é como se me usasses. transformasses. é como um carro ao qual se tira o combustível. só que tu esqueces-te de parar na bomba de gasolina. e eu estou um bocado enfadada de ser esquecida e arrumada a um canto. de ser só eu a pegar no balde dos legos e a tentar empoleirá-los uns nos outros, acreditando que um dia iremos ter uma torre. daquelas como devem ser, cujos andares equivalem aos anos que estamos juntos. e quando estou prestes a acabar, chegas tu, com o teu mau-feitio e ódio, um em cada mão, e deitas abaixo o que tanto trabalho me deu a construir. e se há coisa que aprendi com isto, é a deixar de achar os legos pesados. a voltar a reuni-los nas minhas mãos e a começar tudo de novo, sem deixar nada de parte. mas o ciclo repete-se e tu voltas a balançar a torre e a deitá-la por terra. e aos meus sentimentos. sabes, eu até podia ficar uma vida inteira a construir todas as nossas torres, até que elas formassem um bonito condomínio que rasga céus - porque me ia sentir feliz. o único problema, é que mal tenho tempo de pegar numa peça, que tu - e os teus trinta mil e seiscentos sentimentos maus - passam e derrubam até a torre mais invísivel. e eu não consigo ficar a ver-te destronar o meu império que tantas vezes nem consegue ter bases, porque tu não deixas. só vês o que queres e mesmo se quisesses ver algumas coisas, já estás cego demais para voltar atrás. e se eu tentei trazer-te de volta para o nosso trilho e abrir-te de novo os olhos. os mesmos olhos que um dia se riram para mim, como que me dizendo que nada de mau ia acontecer. e eu nunca senti que os teus olhos fossem mentirosos. até ao dia.